Até agora tudo bem... bem, dentro do possível
As coisas vão andando mais ou menos por aqui
A verdade é ninguém tem a fórmula infalível:
Cada um no seu percurso, tens de caminhar por ti
Até agora tudo bem, então diz-me: o que é que falta?
Mantém a cabeça alta porque a queda é certa
E não há alguém que ensine, porque aquilo que a define
É contar que ela aconteça e ficar à alerta
Pois se os dias te afligem, tenta encontrar a origem
Tenta enfrentar a vertigem se ela te desperta
Considera o que mereces enquanto te fortaleces
E se tu não te conheces: parte à descoberta
Quando a alma pede "muda" há que aceitar a oferta
Mantendo o horizonte em vista e a mente aberta
Tu tenta expandir o espírito se a rua aperta
É assim que se organiza e que ele se conserta
E se o rap te liberta levanta a moral e rima
Mantém o queixo pra cima, que eles odeiam isso
Pois criticaram e quiseram fazer uma obra prima
Mas a vida que pintaram não passa de um esquisso
E na revolta que apontaram, eles nunca consideraram
Se o caminho que tomaram era exemplar
Só se queixaram, na verdade nem sequer se importaram
Não pensaram "ás vezes faz falta contemplar"
Com calma tudo melhora, pois é de dentro pra fora
Que o receio vai embora e o mundo vai mudando
Ignora quem não colabora e nutre aquilo que explora
Num meio medíocre a qualidade é contrabando
Até agora tudo bem... bem, dentro do possível
As coisas vão andando mais ou menos por aqui
A verdade é ninguém tem a fórmula infalível:
Cada um no seu percurso, tens de caminhar por ti
Até agora tudo bem, pelo menos por enquanto
Sem ceder ao desencanto, porque ele não perdoa
Sabendo que a queda vem, faz da esperança refém
Porém é a desconfiança que nos atraiçoa
Numa existência sonolenta, o sentimento atormenta
Mas no fim lamenta: o coração não se afeiçoa
E bem mais do que aparenta, a viagem é torbulenta
Mas aguenta enquanto a imperfeição se aperfeiçoa
E aprende que ao viver de noite o dia atordoa
Que no silêncio solitário a magia se escoa
Insensíveis à beleza, a apatia magoa
Habituados à tristeza, a alegria destoa
Então antes que te corroa, levanta os braços e luta
Concentra-te, reagrupa e segue o teu instinto
Para que mundo veja quando se desleixa na conduta
Pois se o cerco fecha salta fora do recinto
Porque o segredo é cultivar um espírito faminto
Não ser demasiado extenso nem muito sucinto
Não perder quem és mesmo num ambiente indistinto
Saber manter os olhos no sonho e o carácter limpo
Pois se o discurso é contido, mesmo de orgulho ferido
Já que o destino é esculpido, há sempre algo a fazer
E podes apanhar a manha às mudanças que ele acompanha:
A estrada tem uma estranha forma de surpreender
Até agora tudo bem... bem, dentro do possível
As coisas vão andando mais ou menos por aqui
A verdade é ninguém tem a fórmula infalível:
Cada um no seu percurso, tens de caminhar por ti
Até agora tudo bem, então diz-me onde é que vamos
E se aquilo que esperamos é que a espera acabe
E não há alguém que explique, na hora em que a queda obrigue
A segurar o mundo para que ele não desabe
Pois se os dias são batalhas, há que escalar as muralhas
Saber que ao estudar as falhas, a esperança sabe:
Faz parte do crescimento, nas asas do pensamento
Tentar atrasar o tempo para que ele não escape
Reconhecer que às vezes vais viver num mundo à parte
Ter consciência que um caminho fácil é cobarde
Manter a rota que importa sem que a mente derrape
Tentando enganar a saudade na ponte que arde
Então antes que seja tarde, levanta os olhos e tenta
Na dúvida: reinventa, porque a estrada é tua
Pois de passagem impuseram aquilo que representa
Mas quando avança a coragem, o medo recua
A desvantagem é que quando o sonho se atenua
Um pouco estranho, vai ficando cada um na sua
Sujeitos ao rebanho, á espera que o drama destrua
E venha dizer pa esquecer, que tudo continua
E se o receio se acentua, não permitas que te instrua
É ele que nos habitua a fugir à realidade
Enfiados na trincheira, prontos a cair na asneira
De uma vida inteira vivida só a metade
Até agora tudo bem... bem, dentro do possível
As coisas vão andando mais ou menos por aqui
A verdade é ninguém tem a fórmula infalível:
Cada um no seu percurso, tens de caminhar por ti